A grande dúvida é atiçada na meditação ao ser dar voltas em torno do centro, em reflexões e vaticínios. As pessoas que têm medo de pensar têm medo da grande dúvida, assim como aqueles que usam os pensamentos como arame farpado para afastar o inimigo chamado vida. Uma vez que tenhamos sacrificado a infalibilidade, a babá da singularidade (não apenas nossa, mas a infalibilidade de todos os demais); uma vez que tenhamos repovoado a terra com homens e mulheres comuns e os tenhamos feito tirarem as muitas máscaras que impulsionaram alguns a alturas sem igual, ao mesmo tempo que baniam o resto para uma insignificância abismal; uma vez que tenhamos reconhecido que a mais apreciada das declarações, o mais inspirador dos pensamentos, a mais eterna das frases não passam de peças mutantes num quebra-cabeças instável de probabilidades que patina e resvala enquanto novas peças são feitas e antigas são perdidas, então, poderemos pensar sem perigo e meditar com proveito. As palavras deixam de ser obscuras e não passam de janelas para a grande dúvida além de todas as palavras.
Albert Low -
Pensando Zen; A vaca de ferro do zen.
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