Não sentamos em Zazen para descansar. Naturalmente, há algum relaxamento envolvido, ou mesmo requerido, mas, inicialmente, nosso Zazen requer alguma força. Fazemos algum esforço. Despejamos encontrar o Buda em nós, e o Buda em nós deve sentar-se conosco. Ele senta porque sentamos. Desejamos que o Buda que há (e sempre houve) em nós, cresça e apareça, preenchendo completamente todo o nosso ser. É isso o que fazemos durante o Zazen. Portanto, de antemão, precisamos saber que "há um Buda sentado conosco". Pode levar tempo para compreendermos e acreditarmos, ou para desenvolvermos internamente essa certeza, pois sempre tivemos a impressão de que o nosso "eu" era independente, separado de tudo o mais. Então, como aceitar que não estamos realmente separados, nem há nenhum abismo absoluto entre nós e todo o universo? não é fácil nem simples, para alguns. Mas pode ser que já tenhamos recebido, ou escutado algum ensinamento interessante, do tipo: "Há uma centelha divina brilhando em cada coração...". Bem, se tivermos essa sorte, certamente que isso pode ser útil para compreendermos melhor esse ponto.
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De repente, pode ser que cheguemos ao ponto de nos "esquecer"de tentar encontrá-lo, e é exatamente aí, nesse ponto inefável, inexprimível, que apenas somos (Buda). Um estado de "não-eu" é também percebido... Tudo apenas é "tal e qual é", incluindo a nós mesmos, sem discriminação nem julgamento. Então, "eu" e "não-eu" são o mesmo, são o mestre, o Buda que, junto com todo o universo, surge, desabrocha, aflora diretamente da nossa experiência, sem qualquer forma de intermediação. O Buda interior se senta e se acomoda conosco na nossa almofada de meditação (zafu). Pela primeira vez, descobrimos, sabemos e vemos que estamso realmente sentados sobre a nossa almofada de meditação, nada mais nada além, nada especial. Zazen é sentar-se, corpo e mente, mas nunca antes havíamos conseguido. Sempre fazíamos milhões de coisas ali, menos sentar.
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Monja A. Zuiten -
Vivendo o Darma, Vivendo o Buda - Ed. Bodigaya
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