domingo, 20 de setembro de 2009
A escuridão transforma-se em luz
Observe as mudanças que têm lugar na sua mente sob a luz da consciência.
Mesmo sua respiração mudou e tornou-se "não-duas" (eu não quero dizer "uma") com seu eu observante. Isso também é verdade em relação a seus pensamentos e sentimentos, os quais, junto com os efeitos deles, de repente se transformam. Quando você não tenta julgá-los ou suprimi-los, eles se entrelaçam com a mente observante.
De tempos em tempos você pode ficar inquieto e constatar que a inquietude não vai embora. Nesse momento, apenas sente-se em silêncio, acompanhe sua respiração, dê um meio sorriso e faça sua consciência brilhar sobre a inquietude. Não julgue nem tente destruí-la, por que essa inquietude é você. Ela nasce, tem um período de existência e desaparece, naturalmente.
Não se apresse demais em descobrir a origem dela. Não se esforce demais para fazê-la desaparecer. Simplesmente ilumine-a. Você verá que pouco a pouco ela se modificará, incorporando-se e ligando-se a você, o observador.
Durante toda a meditação, mantenha o sol da sua consciência brilhando. Como o sol físico, que ilumina cada folha de árvore, de arbusto e de grama, nossa consciência ilumina cada pensamento e sentimento nosso, permitindo que os reconheçamos, que fique-mos conscientes de seu surgimento, duração e dissolução, sem julgá-los ou avaliá-los, sem recebê-los com alegria ou bani-los. É importante que você não considere a consciência uma "aliada", chamada para suprimir os "inimigos" que são seus pensamentos indisciplinados. Não transforme sua mente num campo de batalha. Não lute nela uma guerra, pois todos os seus sentimentos - alegria, tristeza, raiva, ódio- são parte de você. A consciência é como uma irmã ou irmão mais velho, suave e atenciosa, que está presente para guiar e iluminar. Ela é uma presença lúcida e tolerante, jamais violenta e preconceituosa. Está presente para reconhecer e identificar pensamentos e sentimentos, não para julgá-los como bons ou maus, ou colocá-los em campos opostos a fim de que lutem uns com os outros. A oposição entre o bem e o mal é com freqüência comparada à luz e as trevas, mas se encararmos as coisas a partir de uma outra perspectiva, veremos que quando a luz brilha a escuridão não desaparece. Ela não vai embora; ela se funde com a luz; torna-se a luz.
Há pouco tempo pedi a meu convidado que sorrisse. Meditar não significa lutar com um problema. Meditar significa observar. Seu sorriso é uma prova disso. Ele prova que você está sendo gentil consigo mesmo, que o sol da consciência está brilhando em você, que você tem o controle da sua situação. Você é você mesmo e você alcançou alguma paz. E esta paz que faz com que as crianças adorem ficar perto de você.
Thich Nhat Hanh -
"O Sol meu coração - da atenção à contemplação intuitiva"
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário