domingo, 1 de novembro de 2009

Estado Superior e Bondade Suprema (2)

(continuação)
Depois de analisar a fundo
Todos os feitos do corpo, fala e mente,
Aquele que realiza o que é benéfico para si
E para outros, e sempre pratica, é sábio.

Não matar, não mais roubar,
Respeitar a mulher do próximo,
Abster-se completamente da fala mentirosa,
Ríspida, indiscreta e que causa desavença.

Abandonar a cobiça, as intenções
Nocivas e as opiniões de niilistas
Tais são as dez brancas sendas de ação,
Sendo negros os seus opostos.

Não beber substâncias inebriantes,
Ter meios de vida honestos, não prejudicar,
Levar em conta o dar, honrar o honorável
E amar — é isto em suma, a prática.

Prática não significa
Mortificar o corpo,
Pois isso não deixa de causar dano
A outros e tampouco os ajuda.

Aquele que não estima a senda do Dharma excelente —
Radiante de ética, generosidade e paciência —
Injuria seu corpo e envereda
Por falsos caminhos como atalhos da floresta;

Emaranhando seu corpo em viciosas
Aflições, ele adentra por um longo tempo
Na pavorosa floresta da existência cíclica,
Em meio a árvores de seres sem fim.

Uma vida curta decorre do matar;
Muita aflição, do dano cometido;
Poucos recursos, do roubar;
Inimigos, do adultério.

Da mentira deriva a calúnia;
Da difamação, a desunião de amigos;
Da rispidez, o ouvir desagradável;
Da tagarelice, a perda de respeito pelo que se diz.

A cobiça destrói as aspirações do homem;
Intenção nociva gera temor;
Idéias errôneas conduzem a más opiniões
E beber, à confusão da mente.

Do não dar resulta a pobreza;
Do errado meio de vida, a fraude;
Da arrogância, uma linhagem ruim;
Do ciúme, parca beleza.

Uma cor desagradável advém da ira;
A estupidez, de não perguntar ao sábio.
O principal fruto disso tudo
É uma migração nefasta para os humanos.

Oposto aos conhecidos frutos
Dessas não-virtudes,
É o surgimento de efeitos
Causados por todas as virtudes.

...

Texto atribuído a Nagarjuna
Do livro "A Grinalda Preciosa".
Traduzido do tibetano e editado por
Jeffrey Hopkins e Lati Rinpoche
com a colaboração de Anne Klein.
Tradução em português de Duílio Colombini.


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