(continuação)
Com tais práticas, fica-se livre de tornar-se
Habitante dos infernos, fantasma faminto ou animal;
Renascendo como humano ou deus, alcança-se
Grande felicidade, fortuna e domínio.
Através das concentrações, incomensuráveis e sem forma,
O homem experimenta a bem-aventurança de Brahma e semelhantes.
Tais são, em suma, as práticas
Para o estado superior e seus frutos.
Como afirmam os vitoriosos [buddhas], os Dharmas
Da bondade suprema são profundos,
Sutis e atemorizantes
Para crianças despreparadas.
"Eu não sou, eu não serei.
Eu não tenho, eu não terei",
Isto assusta toda criança
E mata o medo no sábio.
Disse [o Buddha,] aquele que fala só para auxiliar os seres,
Que todas essas [opiniões]
Surgiram da concepção de "eu"
E estão envolvidas com a concepção de "meu".
"O 'eu' existe, o 'meu' existe."
Em definitivo, tais concepções são errôneas,
Pois nem uma nem outra estão [fundamentadas]
Por uma consciência verdadeira e correta.
Os agregados mentais e físicos surgem
Da concepção de "eu" que, de fato, é falsa.
Como poderia o que cresceu
De uma falsa semente ser verdadeiro?
Assim, vistos os agregados como não verdadeiros,
A concepção de "eu" é abandonada,
E devido a tal abandono
Os agregados não voltam a surgir.
Da mesma forma que
A imagem de um rosto
Depende de um espelho para ser vista,
Mas na realidade não existe [como um rosto],
Assim a concepção de "eu" existe
Dependente dos agregados;
Porém, como a imagem de um rosto,
Na realidade o "eu" não existe.
Assim como sem depender de um espelho
a imagem de um rosto não é vista,
assim também o "eu" não existe
sem depender dos agregados.
...
Texto atribuído a Nagarjuna
Do livro "A Grinalda Preciosa".
Traduzido do tibetano e editado por
Jeffrey Hopkins e Lati Rinpoche
com a colaboração de Anne Klein.
Tradução em português de Duílio Colombini.
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