segunda-feira, 30 de março de 2009

Gogo-An


14) O vento sopra através de minha minúscula cabana,
Nem uma só coisa existe no quarto.
Do lado externo, mil cedros;
Na parede, vários poemas estão escritos.
Agora a chaleira está coberta com poeira,
E não há fumaça alguma que surja da panela de arroz.
Quem está a bater no meu portão iluminado pela lua?
Apenas um velho da Aldeia do Leste.

15) Um corpo velho e inútil,
Muitas gerações de flores eu tenho visto nesta cabana solitária e emprestada.
Quando vier a primavera, e se ainda estiver vivo,
Com certeza te visitarei novamente -
espere pelo som do meu cajado.

16) Um solitário dia de inverno, límpido e em seguida nublado.
Eu quero dar uma saída, mas não o faço, gastando algum tempo em minha indecisão.
De repente, um velho amigo vem e me pede que beba com ele.
Agora alegre, eu tiro pincel, tinta e muito papel.

17) Se exite a beleza, deve também haver a feiúra;
Se existe o certo, deve também haver o errado.
A sabedoria e a ignorância são complementares,
E a ilusão e a iluminação não podem ser separadas.
Esta é uma velha verdade, não fiques achando que foi recentemente descoberta.
"Eu quero isto, eu quero aquilo"
Isto nada mais é que tolice,
Eu te direi um grande segredo -
"Tudo é impermanete!"


Meste Ryokan -
"Flor do Vazio" Ano 5 - Vol. 1 - Inverno 2000

Um comentário:

  1. Lindo texto!!! Que a luz do Dharma possa brilhar intensamente em teu coração, iluminando todos que a cercam.

    _/\_

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