quarta-feira, 30 de setembro de 2009

É preciso abandonar



Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia e se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.

Fernando Pessoa

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Máximas de Atisha para o Treinamento da Mente Compassiva:

Mantenha sempre uma mente alegre.
Se puder praticar, mesmo distraído, vc. estará bem treinado.
Mude sua atitude, mas permaneça natural.
Não pense na falha dos outros.
Trabalhe primeiro com as maiores imperfeições.
Abandone qualquer expectativa de resultado.
Renuncie aos alimentos venenosos.
Não seja tão previsível.
Não fale mal dos outros.
Não se ponha de emboscada.
Não leve as coisas a um ponto doloroso.
Não transfira a carga do boi para a vaca.
Não tente ser o mais rápido.
Não aja ardilosamente.
Não transforme deuses em demônios.
Não procure fazer da dor alheia as pernas da sua própria felicidade.
Treine-se imparcialmente em todas as áreas. É cruel fazer isso sempre, de
modo abrangente e sem reservas.
Sempre medite sobre tudo que provoca ressentimento.
Não dependa de circunstâncias externas.
Não interprete incorrectamente.
Não vacile.
Pratique com determinação.
Não se afunde na auto comiseração.
Não seja invejoso.
Não seja frívolo.
Não espere aplauso.
Quando o mundo está cheio de maldades, transforme todas as
adversidades no caminho de bodhi.
Seja grato a todos.
Incorpore à meditação tudo que vc. encontrar inesperadamente.

Pema Chödrön -
Comece Onde Você Está - Sextante,2003

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

O milagre da mente alerta


O objeto da meditação deve ser algo como raízes em você mesmo; não pode ser apenas um tema para especulação filosófica. Deve ser como certo tipo de comida que precisa ser cozida por longo tempo ao fogo. Coloca-se o ingrediente na panela, que é coberta com uma tampa, e acende-se o fogo.
A panela somos nós mesmos, e o calor usado para cozinhar é o poder de concentração. O combustível vem da contínua prática de alertar a mente.
Sem o necessário calor, a comida nunca ficará cozida. Mas, uma vez cozida, ele revela sua natureza e nos ajuda a chegar à liberação.

Thich Nahât Hanh –
O milagre da mente alerta

domingo, 20 de setembro de 2009

A escuridão transforma-se em luz


Observe as mudanças que têm lugar na sua mente sob a luz da consciência.
Mesmo sua respiração mudou e tornou-se "não-duas" (eu não quero dizer "uma") com seu eu observante. Isso também é verdade em relação a seus pensamentos e sentimentos, os quais, junto com os efeitos deles, de repente se transformam. Quando você não tenta julgá-los ou suprimi-los, eles se entrelaçam com a mente observante.
De tempos em tempos você pode ficar inquieto e constatar que a inquietude não vai embora. Nesse momento, apenas sente-se em silêncio, acompanhe sua respiração, dê um meio sorriso e faça sua consciência brilhar sobre a inquietude. Não julgue nem tente destruí-la, por que essa inquietude é você. Ela nasce, tem um período de existência e desaparece, naturalmente.
Não se apresse demais em descobrir a origem dela. Não se esforce demais para fazê-la desaparecer. Simplesmente ilumine-a. Você verá que pouco a pouco ela se modificará, incorporando-se e ligando-se a você, o observador.
Durante toda a meditação, mantenha o sol da sua consciência brilhando. Como o sol físico, que ilumina cada folha de árvore, de arbusto e de grama, nossa consciência ilumina cada pensamento e sentimento nosso, permitindo que os reconheçamos, que fique-mos conscientes de seu surgimento, duração e dissolução, sem julgá-los ou avaliá-los, sem recebê-los com alegria ou bani-los. É importante que você não considere a consciência uma "aliada", chamada para suprimir os "inimigos" que são seus pensamentos indisciplinados. Não transforme sua mente num campo de batalha. Não lute nela uma guerra, pois todos os seus sentimentos - alegria, tristeza, raiva, ódio- são parte de você. A consciência é como uma irmã ou irmão mais velho, suave e atenciosa, que está presente para guiar e iluminar. Ela é uma presença lúcida e tolerante, jamais violenta e preconceituosa. Está presente para reconhecer e identificar pensamentos e sentimentos, não para julgá-los como bons ou maus, ou colocá-los em campos opostos a fim de que lutem uns com os outros. A oposição entre o bem e o mal é com freqüência comparada à luz e as trevas, mas se encararmos as coisas a partir de uma outra perspectiva, veremos que quando a luz brilha a escuridão não desaparece. Ela não vai embora; ela se funde com a luz; torna-se a luz.
Há pouco tempo pedi a meu convidado que sorrisse. Meditar não significa lutar com um problema. Meditar significa observar. Seu sorriso é uma prova disso. Ele prova que você está sendo gentil consigo mesmo, que o sol da consciência está brilhando em você, que você tem o controle da sua situação. Você é você mesmo e você alcançou alguma paz. E esta paz que faz com que as crianças adorem ficar perto de você.

Thich Nhat Hanh -
"O Sol meu coração - da atenção à contemplação intuitiva"

¿COMO AYUDAR?


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Uno de los temas que mas expone la sabiduría budista es el como ayudar a los demás. ¿Por qué puede resultar que aun teniendo las mejores intenciones del mundo, intentando de ayudar de todo corazón, en realidad estemos fomentando la ignorancia, la avidez y la rabia? Porque para ayudar de verdad se require sabiduria. En el Zen se dice que la compasion sin sabiduria es debil y que la sabiduria sin compasion es peligrosa. Por ejemplo puede haber buenos amigos que nos animan a abandonar la práctica de Zazen porque dicen que es una perdida de tiempo o que no es buena para nada o porque supuestamente nos limita nuestras posibilidades de éxito en la sociedad. Y así nos cuestionamos ¿Cómo se puede ayudar verdaderamente? ¿Quién es un buen amigo?
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Continuação no blog Mas que palabras

sábado, 19 de setembro de 2009

As Três Naturezas-Buda

As três Naturezas-Budas são: Shoin Bussho, Ryoin Bussho, e Enin Bussho.
Shoin-Bussho é a própria Natureza-Buda. Literalmente, Shoin, significa a causa fundamental, que nós temos a capacidade maravilhosa de nos tornarmos Buda.
Felizmente temos a capacidade de perceber Shoin Bussho, e essa capacidade é chamada Ryoin Bussho. Ryon signifca "perceber".
Apesar de termos tanto Shoin Bussho quanto Ryoin Bussho, para atingirmos a realização é necessário que haja alguma causa, alguma condição, já que nada acontece acidentalmente. Por exemplo, o encontro com o mestre adequado para receber a mais apropriada orientação é uma boa condição. Isto é Enin Bussho e, felizmente, nós também possuímos. Enin significa "causa cooperativa", e quando dizemos Enin geralmente pensamos em algum ambiente externo, fora de nós mesmos; mas afinal de contas o eu (self) e os outros não são duas entidades separadas. Se há algo fora de nós certamente existe também dentro de nós.
Estas três Naturezas-Buda são um tesouro dos seres humanos.

M. Hakuun Yasutani -
Oito aspectos no Budismo - ZendoBrasil

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Poema de Dogen




NIGORINAKI COCORO NO MIZU NI
SUMU TSUKI WA
NAMI MO KUDAKETE
HIKARI TOZO NARU
HIKARI TOZO NARU

Durante uma visita ao Templo Busshinji em São Paulo, participei do zazen.
Zazen, Kinhin, Zazen e no final a recitação deste Poema que apesar de não compreender o significado, me deixou muito emocionada.
Perguntei o que era esta recitação e o que significava.
Wajun-San, antigo praticante do Templo, teve a gentileza de me enviar o texto e suas possíveis tradução.

"A lua que mora nas águas do coração puro
As ondas quebrando transforma-se em luz
Transformam-se em luz".


"A lua residindo
Em meio à mente serena,
Vagalhões penetram na luz".


"Sem impurezas
A água da mente em que mora a lua
Ainda que as ondas quebrem
Continua a brilhar".

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Ensinamentos do Buda

Não há nada fixo ou permanente, somos processos em transformação. Em cada encontro, nos transformamos. Cada pessoa que encontramos nos transforma.
O sofrimento surge quando "travamos", quando criamos nossas travas, nossas amarras.
***
Façam da Verdade o seu Mestre, e eu viverei para sempre.

Monja Coen -
Zen Yoga - Ed Bodigaya

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Sesshin (16, 17 e 18 de Outubro)



Local: Sede Baha'i - Cachoeira do Bom Jesus - norte da Ilha de Florianópolis

Data: 16, 17 e 18 de outubro

Início: às 19hs do dia 16/10

Término: 13hs do dia 18/10

Valores: 120,00 - membros / 140,00 - contribuintes / 160,00 - não contribuintes

Inscrições e informações com Juliana: juliana@chalegre. com.br - 9971.1323 ou 3225.8896

Comunidade Zen Buddhista de Florianópolis (SC)
www.daissen.org.br

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

O que é Buda?

O que significa Buda?
O que é despertar?
A gente desperta para que?

O Buda não é a idéia de um ser sábio e que permanece no seu trono de sabedoria suprema.
O Buda reflete a sabedoria no dia a dia, nos nossos encontros e desencontros. Quais são as decisões iluminadas que tomamos?
As decisões iluminadas geram alegria e contentamento ao nosso redor.
As decisões não iluminadas geram dor e sofrimento ao nosso redor.

Monja Coen –
Zen Yoga – Ed. Bodigaya

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Natureza-Buda


Foto: Diario de Uma Monja - Coleção Daidóji


No Parinirvana Sutra, Xaquiamuni Buda disse: todos os seres têm Natureza-Buda. “Todos os seres” significa não apenas os seres humanos, mas também animais e plantas, e até mesmo objetos inanimados.
Natureza-Buda é outro nome para todas as existências nesse mundo.
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Dogen Zenji, famoso Mestre Zen japonês do século XIII, interpretou essa frase do Parinirvana Sutra da seguinte forma: todos os seres são a própria Natureza-Buda e nada mais. Portanto, não é uma questão de ter ou não ter. É importante simplesmente perceber que todas as existências são Natureza-Buda.
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O Terceiro Ancestral do Darma, Ganchi, escreveu na sua obra Acreditando na Mente: “é perfeita; sem nenhuma deficiência e sem nada supérfluo”. ... Todas as existências são perfeitas como são.
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“Todos os seres são primordialmente Buda” significa, realmente, esta perfeição. Quando uma pessoa compreende verdadeiramente isto, nunca terá qualquer razão para reclamar ou ficar descontente. Porque então, não importa em qual situação a pessoa se encontra, ela pode viver a paz completamente, com gratidão de poder trabalhar pelos outros.
Esta devoção é a vida de Buda, e aprender isto é a vida do budista.
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Do ponto de vista budista tudo tem vida. Ou podemos dizer: tudo nada mais é que a vida, a vida sendo denominada Natureza-Buda. Assim é dito: todas as existêmcias são a própria Natureza-Buda. Assim é dito: todas as existências são a própria Natureza-Buda.
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Mestre Zen Hakuun Yasutani –
Oito Aspectos No Budismo – ZendoBrasil.

sábado, 5 de setembro de 2009

Zendô ou Sôdô


Sala de prática. Sala de prática Zen. Sala de Zazen, sentar Zen.
Sentar. Quietude de corpo e mente.
Sala, corpo, mente... Um só.
Em ordem, alinhado, quieto, limpo.
Reverenciamos em gasshô antes de entrar. O fazemos com o pé contrario ao altar, assim não inclinamos as costas para ele. Deixamos a razão para trás.
Caminhamos em shashu , atentos, presentes.
Reverenciamos em gasshô, em direção ao zafú e logo aos colegas no restante da sala. Juntos crescemos retos como os pinheiros, nos polimos como os grãos de arroz.
Coluna reta, queixo encaixado para dentro, olhos repousam semi-abertos à 45º. Mãos em forma de mudra cósmico. Respiração abdominal.
Ombros para traz e relaxados, peito aberto. Aceitamos cada momento; aceitamos a vida assim como é. Somos vida.
Relaxados e confiantes. Firmes como uma grande montanha.
Percebemos o corpo, a respiração. Sentimos os odores e sons. Percebemos os outros... têm outros? Percebemos e sentimos com o Tandem, com o abdômen, não com a mente.
Três sinos tocam indicando o inicio do zazen.
O Monge passa, fazemos gasshô. Estamos atentos, conscientes de cada instante, cada momento.
Toca o sino novamente... fim do zazen.
Zendô reflexo da mente.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Soltar as Amarras





A "Grande Mente"é a mente que tudo inclui, os oceanos, a Via Láctea, os universos, as boas ações, as más ações, tudo. Ou seja, a Mente não está limitada às minhas emoções, ao que penso, ao que sinto, é mais que isto: tornar-se a imensidão, solta, aberta, livre de todas as amarras, automatismos e condicionamentos.

O importante não é apenas experimentar a Grande Mente e essa liberdade infinita, mas poder usar a liberdade em nossa vida diária. Sem amarras, sem preconceitos, abertos ao instante e aptos a escolher o caminho que beneficie todos os seres.



Monja Coen -

Zen Yoga - Ed. Bodigaya

Zen


Exatamente aqui, exatamente agora.
Foco firme e perfeito abrange toda a vida do universo.
Isto é Zen.
Zen significa um estado de meditação profunda. Não é algo que possa ser comprado em alguma loja. Nós temos de fazê-lo!

Monja Coen -
Zen Yoga - Ed. Bodigaya