domingo, 22 de novembro de 2009

Estado Superior e Bondade Suprema (6)

(continuação)
Uma forma vista à distância
É percebida claramente pelos que lhe estão perto.
Se uma miragem fosse água, por que
A água não seria vista por quem lhe está perto?

O modo pelo qual este mundo é visto
Como real pelos que estão distantes,
Não é o mesmo visto pelos que estão perto,
[Para quem ele é] sem evidência, como uma miragem.

Do mesmo modo que uma miragem parece água, mas não é
Água e de fato não existe [como água],
Assim os agregados são como uma realidade,
Mas não são nem existem [como realidades].

Por ter acreditado que uma miragem
Era água e ido então até lá [para constatar],
Um homem seria estúpido se concluísse
Que "a água não existe".

Aquele que concebe o quimérico mundo
Como existente ou não-existente
É, por conseqüência, ignorante.
Quando há ignorância, não se está liberado.

O partidário da não-existência sofre más migrações,
Mas felizes advêm aos partidários da existência [relativa];
Aquele que sabe o que é correto e verdadeiro
Não se apóia no dualismo e torna-se, pois, liberto.

Se, por conhecer o que é correto e verdadeiro,
Ele não assevera existência e não-existência,
E por isso [vós pensais] que ele crê na não-existência,
Por que não seria ele um partidário da existência [relativa]?

Se, por refutar a existência [inerente]
Não-existência então lhe advém,
Por que, por refutar a não-existência,
Existência não lhe adviria?

Os que confiam na iluminação
Não sustentam teses niilistas,
Nem agem ou pensam desse modo.
Como podem então ser considerados niilistas?

Perguntai aos que asseveram o mundo, aos samkhyas,
Aos seguidores-da-coruja e aos nirgranthas —
Partidários do "eu" e dos agregados —
Se eles propõem que o que está além "é" e "não é".

Portanto, ficai sabendo que a ambrósia
Dos ensinamentos dos buddhas é chamada profunda —
Um Dharma singular que vai
Muito além de existência e não-existência.

Definitivamente, como poderia o mundo existir
Com uma natureza que transcendeu passado, presente
E futuro, que não desaparece quando destruída,
Não vem e não permanece por um instante sequer?

Porque na realidade
Não há vinda, ida ou permanência,
Que diferença existe, em última análise,
Entre o mundo [samsara] e o nirvana?

Se não há permanência, não pode haver
Nem produção nem cessação.
Então, como poderiam produção, permanência
E cessação de fato existir?

Como as coisas são não-transitórias
Se estão sempre mudando?
Se não mudam,
Como podem então ser modificadas?

Elas se tornam momentâneas em virtude de sua
Parcial ou completa desintegração?
Porque a desigualdade não é compreendida,
Tal transitoriedade não pode ser admitida.

Quando algo deixa de existir devido à transitoriedade
Como pode qualquer coisa ser velha?
Quando uma coisa é não-momentânea devido à permanência,
Como pode algo ser velho?

Uma vez que um momento acaba,
Ele deve ter um começo e um meio;
Esta tríplice natureza de um momento significa
Que o mundo nunca perdura por um instante.

Além do mais, o começo, o meio e o fim
Devem analisar-se como um momento;
Portanto, começo, meio e fim
Não são [produzidos] por si mesmos nem por outros.

Por ter muitas partes, "um" não existe;
Não há nada que seja sem partes;
Além disso, sem "um" não existem "muitos",
E sem existência não há não-existência.

Se, em virtude de destruição ou de um antídoto,
Algo existente deixa de existir,
Como poderia haver destruição
Ou um antídoto sem algo existente?

Definitivamente, o mundo
Não pode desaparecer através do nirvana.
Perguntado sobre se o mundo teria um fim
O Vitorioso era silente.

Por não ter ensinado este Dharma profundo
A seres mundanos — que não eram receptáculos dignos —
Aquele que tudo sabe é conhecido
Como onisciente pelos sábios.

Então, o Dharma da bondade suprema
Foi ensinada pelos buddhas perfeitos —
Os videntes da realidade — como sendo profunda,
Inapreensível e sem fundamento [que não provém de uma base da qual as coisas existam inerentemente].

Atemorizados por esse Dharma sem fundamento,
Deleitando-se em um fundamento,
Sem ir além de existência e não-existência,
Seres não-inteligentes arruínam a si próprios.

Tementes da destemida morada,
Arruinados, eles arruínam os outros.
Ó Rei, agi de modo tal
Que os arruinados não vos arruínem.

Ó Rei, para que vós não sejais arruinado
Explicarei através das escrituras
O modo do supramundano —
A realidade que não se assenta no dualismo.

Esta profundidade que libera
E está além do vício e da virtude
Não foi experimentada pelos que temem o sem fundamento,
Pelos outros, os Vadeadores e nem mesmo por nós.

Uma pessoa não é terra, nem água,
Nem fogo, nem ar, nem espaço,
Não é consciência e nem tudo isso;
Em que a pessoa é diferente dessas coisas?

Assim como a pessoa não é um absoluto,
Mas um composto de seis constituintes,
Assim também cada um deles, por sua vez,
É um composto e não um absoluto.

Os agregados não são o "eu", não estão no "eu",
O "eu" não está nos agregados; sem os agregados, o "eu" não é,
Não está misturado com os agregados como o fogo e o combustível;
Portanto, como pode o "eu" existir?

Os três elementos não são a terra, não estão nela,
Ela não está neles, sem eles ela não é;
Uma vez que isto se aplica a cada um,
Eles, tais como o "eu", são falsos.

Por si mesmos, terra, água, fogo e ar
Não existem inerentemente;
Quando três estão ausentes, não pode haver um,
Quando um está ausente, também o estão os três.

Se, quando três estão ausentes, um não existe,
E quando um está ausente, os três não existem,
Então cada um por si mesmo não existe;
Portanto, como podem eles produzir um composto?

Por outro lado, se cada um existe por si mesmo,
Por que sem combustível não há fogo?
E ainda, por que não há água, ar ou terra
Sem motilidade, firmeza ou coesão?

Se [a resposta for] "sabe-se que o fogo não existe sem combustível, mas os outros três elementos existem independentemente]",
Como poderiam os três existir
Em si mesmos sem os outros? É impossível aos três
Não estarem em conformidade com a originação interdependente.

Como podem os que existem por si mesmos
Ser mutuamente dependentes?
Como podem aqueles que não existem por si mesmos
Ser mutuamente dependentes?

Se não existem como elementos individuais,
Pois onde há um, lá estão os outros três,
Então quando não misturados, não estão num mesmo lugar,
E se misturados, deixam de existir individualmente.

Os elementos não existem individualmente.
Como poderiam, então, existir suas características individuais?
Os que não existem individualmente não podem predominar;
Suas características são consideradas convencionalidades.

Este modo de refutação aplica-se também
A cores, odores, sabores e objetos do tato,
A olho, consciência e forma,
Ignorância, ação e nascimento.

Agente, objeto, ação e número,
Posse, causa, efeito e tempo,
Curto e comprido e assim por diante,
Nome e portador-de-nome também.

Terra, água, fogo e ar,
Alto e baixo, virtude sutil e grosseira,
E por aí afora, diz o Vitorioso
Que cessam na consciência [da realidade].

As esferas da terra, água, fogo
E ar não aparecem
Antes essa indemonstrável consciência —
Senhora absoluta do ilimitado.

Aqui, alto e baixo, sutil e grosseiro,
Virtude e não-virtude
E nomes e formas,
Tudo deixa de ser.

O que não se conhecia é conhecido
Pela consciência como [a realidade] de tudo
O que apareceu antes. Assim sendo, esses fenômenos,
Mais tarde, deixam de estar na consciência.

Todos esses fenômenos relacionados a seres
Consideram-se como combustível para o fogo da consciência;
Eles são consumidos ao serem queimados
Pela luz do verdadeiro discernimento.

Mais tarde a realidade é apurada
Daquilo que antes era imputado pela ignorância;
Quando não se encontra uma coisa,
Como pode haver uma não-coisa?

Porque os fenômenos das formas
São apenas nomes, também o espaço é só um nome.
Sem os elementos como poderiam as formas existir?
Portanto, nem sequer "só-nome" existe.

Sentimentos, discriminações, fatores de composição
E consciências devem ser considerados
Do mesmo que os elementos são a pessoa;
Portanto os seis constituintes [do ser] carecem de natureza intrínseca

Texto atribuído a Nagarjuna
Do livro "A Grinalda Preciosa".
Traduzido do tibetano e editado por
Jeffrey Hopkins e Lati Rinpoche
com a colaboração de Anne Klein.
Tradução em português de Duílio Colombini
Extraído do site www.nosacasa.net/shunya

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Estado Superior e Bondade Suprema (5)

(continuação)
Quando o superior Ananda
Alcançou o que isso significa,
Conquistou o olho do Dharma e ensinou-o
Continuamente aos monges.

Há uma falsa concepção de "eu"
Enquanto os agregados são mal compreendidos;
Quando tal concepção de "eu" inexiste,
Há ação que resulta em nascimento.

Com essas três sendas causando-se mutuamente
Umas às outras, sem começo, meio ou fim,
A roda da existência cíclica
Gira como a "roda" de um tição.

Porque tal roda não advém de um si-próprio, de um outro,
Nem de ambos, no passado, no presente ou no futuro,
A concepção de um "eu" cessa
E, por conseguinte, ação e renascimento.

Então, aquele que vê como causa e efeito
São produzidos e destruídos,
Não considera o mundo
Como realmente existente ou não-existente.

Por isso, aquele que ouviu, mas não examina
O Dharma que destrói todo o sofrimento,
E teme o destemido estado,
Estremece devido à ignorância.

O fato de que tudo isto não existe no nirvana
Não vos apavora [a vós, um praticante].
Por que sua existência
Aqui explanada vos causaria temor?

"Na liberação não há 'eu' e não há agregados."
Se a liberação é assim afirmada,
Por que a remoção, aqui, de um "eu"
E dos agregados não é apreciada por vós?

Se o nirvana não é uma não-coisa,
Como poderia ter a "qualidade de uma coisa"?
À extinção da falsa noção
De coisas e não-coisas chama-se nirvana.

Em suma, a afirmação dos partidários do niilismo,
"As ações não produzem frutos",
Considera-se uma visão errônea,
Sem mérito e conducente a migração infeliz.

Em suma, a afirmação dos partidários da existência [relativa],
"Há frutos das ações",
Considera-se uma visão correta,
Meritória e conducente a felizes migrações.

Porque "é" e "não-é" são desfeitos pela sabedoria,
Há uma passagem para além de mérito e demérito;
Isso — dizem os excelentes — é liberação,
Tanto das migrações felizes quanto das infelizes.

Compreendendo a produção [do sofrimento] como causada,
Passa-se para além da não-existência;
Compreendendo a cessação [do sofrimento] como causada,
Não mais se assevera a existência.

As causas prévia e simultaneamente [com seus efeitos] produzidas
São não-causas; de fato, pois não há causas,
Visto que a produção existente de modo inerente não é
Conhecida nem em termos convencionais, nem em termos absolutos.

Quando há isto, aquilo surge,
Como o baixo quando há o alto.
Quando isso é produzido, também aquilo,
Como a luz de uma chama.

Quando há "alto", deve haver "baixo",
Eles não existem por sua própria natureza,
Do mesmo modo que sem uma chama
Tampouco surge a luz.

Havendo então percebido que os efeitos resultam
De causas, assevera-se o que aparece
Nas convencionalidades do mundo
E não se aceita o niilismo.

Aquele que refuta [causa e efeito como existentes d e modo inerente]
Não desenvolve [o ponto de vista da] existência,
[Asseverando] como verdadeiro o que não surge de convencionalidades;
Assim sendo, quem não se apóia na dualidade está liberto.

(continua)

Texto atribuído a Nagarjuna
Do livro "A Grinalda Preciosa".
Traduzido do tibetano e editado por
Jeffrey Hopkins e Lati Rinpoche
com a colaboração de Anne Klein.
Tradução em português de Duílio Colombini.
Fonte: Extraído do site www.nosacasa.net/shunya

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Aniversário dos 50 aniversários do Templo Busshinji em SP.



Cerca de 200 pessoas entre Mestres, Sensei, Abades, Monges, Monjas, leigos, praticantes e convidados.



Todos juntos, com os ancestrais, sem distinção, percorrendo o caminho do Buda.




Três dias de convivência, intercambio, respeito... Perfeita harmonia.



Guiados pela luz do Dharma.
Nossas mentes-corações se abrem.
É o Dharma palpitando em cada um, o Dharma vivido.
Volto com o coração repleto.



Encontros maravilhosos. Encontro da Grande Família chamada Zen.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Cerimônia do cinquentenário do Templo Busshinji e inauguração do Pavilhão Dai Kankaku

Programação:

Dia 13 de novembro
10:00 - Cerimônia para Recepcionar o Shumu Socho
- Corte da Faixa de Inauguração e Descerramento da Placa
- Apresentação do novo prédio
11:00 - Cerimônia de Abertura da Imagem do Fundador
11:30 - Cerimônia dos 600 volumes do Sutra Prajna Paramita
12:30 - Banquete no Salão do Pavilhão Dai Kankaku


Dia 14 de Novembro
13:00 - Cerimônia de Abertura do Monumento
13:30 - Palestra
14:30 - Cerimônia Memorial dos Fundadores
15:30 - Cerimônia de Abertura dos Olhos das Imagens Daiguen Shuri Bosatsu e Daruma Soshi
16:30 - Cerimônia Memorial dos Antepassados(Grupo do Japão)
17:30 - Cerimônia do Manto Kuyo (Milhões de Luzes)


Dia 15 de Novembro
08:30 - Cerimônia para Recepcionar o Shumu Socho
09:00 - Cerimônia Memorial dos Monges e Professores falecidos da América do Sul
10:00 - Cerimônia Comemorativa do Cinquentenário do Templo Busshinji
- Entrega do Certificado de Honra ao Mérito de Shumucho para Convidados
11:00 - Cerimônia Memorial para todos os membros
- Entrega do Certificado de Honra ao Mérito do Busshinji para Convidados

Fonte: Blog Sangha Margha

Rohatsu Sesshin em Porto Alegre

Rohatsu Sesshin, ou retiro da Iluminação de Buda é realizado em todas as comunidades da Soto Zen.
As Sanghas Águas da Compaixão e Aikikai, coordenadas pela Monja Isshin, em Porto Alegre, convidam a todos aqueles que desejarem participar.
Este encontro acontecerá de 1 à 8 de Dezembro.
A doação para a participação para cotistas/associados das Sangas será de R$ 30 por dia (ou R$ 10 por período manhã, tarde ou noite) e R$ 45 por dia/R$ 15 por período para não-cotistas/associados.

Por mais informações:
http://monjaisshin.wordpress.com/
http://aguasdacompaixao.wordpress.com/
http://zendovirtual.wordpress.com/
http://interconexao.wordpress.com/

domingo, 8 de novembro de 2009

Un artículo de Eduardo Galeano

(para mayores de 40)

Lo que me pasa es que no consigo andar por el mundo tirando cosas y cambiándolas por el modelo siguiente sólo porque a alguien se le ocurre agregarle una función o achicarlo un poco.

No hace tanto, con mi mujer, lavábamos los pañales de los críos, los colgábamos en la cuerda junto a otra ropita, los planchábamos, los doblábamos y los preparábamos para que los volvieran a ensuciar.

Y ellos, nuestros nenes, apenas crecieron y tuvieron sus propios hijos se encargaron de tirar todo por la borda, incluyendo los pañales.

¡Se entregaron inescrupulosamente a los desechables! Si, ya lo sé. A nuestra generación siempre le costó tirar. ¡Ni los desechos nos resultaron muy desechables! Y así anduvimos por las calles guardando los mocos en el bolsillo y las grasas en los repasadores.

¡¡¡Nooo!!! Yo no digo que eso era mejor. Lo que digo es que en algún momento me distraje, me caí del mundo y ahora no sé por dónde se entra. Lo más probable es que lo de ahora esté bien, eso no lo discuto. Lo que pasa es que no consigo cambiar el equipo de música una vez por año, el celular cada tres meses o el monitor de la computadora todas las navidades.

¡Guardo los vasos desechables!

¡Lavo los guantes de látex que eran para usar una sola vez!

¡Apilo como un viejo ridículo las bandejitas de espuma plástica de los pollos!

¡Los cubiertos de plástico conviven con los de acero inoxidable en el cajón de los cubiertos!

¡Es que vengo de un tiempo en el que las cosas se compraban para toda la vida!

¡Es más!

¡Se compraban para la vida de los que venían después!

La gente heredaba relojes de pared, juegos de copas, fiambreras de tejido y hasta palanganas de loza.

Y resulta que en nuestro no tan largo matrimonio, hemos tenido más cocinas que las que había en todo el barrio en mi infancia y hemos cambiado de heladera tres veces.

¡¡Nos están fastidiando! ! ¡¡Yo los descubrí!! ¡¡Lo hacen adrede!! Todo se rompe, se gasta, se oxida, se quiebra o se consume al poco tiempo para que tengamos que cambiarlo. Nada se repara. Lo obsoleto es de fábrica.

¿Dónde están los zapateros arreglando las media-suelas de las Nike?

¿Alguien ha visto a algún colchonero escardando sommiers casa por casa?

¿Quién arregla los cuchillos eléctricos? ¿El afilador o el electricista?

¿Habrá teflón para los hojalateros o asientos de aviones para los talabarteros?

Todo se tira, todo se desecha y, mientras tanto, producimos más y más basura.

El otro día leí que se produjo más basura en los últimos 40 años que en toda la historia de la humanidad.

El que tenga menos de 40 años no va a creer esto: ¡¡Cuando yo era niño por mi casa no pasaba el basurero!!

¡¡Lo juro!! ¡Y tengo menos de... años!

Todos los desechos eran orgánicos e iban a parar al gallinero, a los patos o a los conejos (y no estoy hablando del siglo XVII)

No existía el plástico ni el nylon. La goma sólo la veíamos en las ruedas de los autos y las que no estaban rodando las quemábamos en la Fiesta de San Juan.

Los pocos desechos que no se comían los animales, servían de abono o se quemaban. De 'por ahí' vengo yo. Y no es que haya sido mejor. Es que no es fácil para un pobre tipo al que lo educaron con el 'guarde y guarde que alguna vez puede servir para algo', pasarse al 'compre y tire que ya se viene el modelo nuevo'.

Mi cabeza no resiste tanto.

Ahora mis parientes y los hijos de mis amigos no sólo cambian de celular una vez por semana, sino que, además, cambian el número, la dirección electrónica y hasta la dirección real.

Y a mí me prepararon para vivir con el mismo número, la misma mujer, la misma casa y el mismo nombre (y vaya si era un nombre como para cambiarlo) Me educaron para guardar todo. ¡¡¡Toooodo!!! Lo que servía y lo que no. Porque algún día las cosas podían volver a servir. Le dábamos crédito a todo.

Si, ya lo sé, tuvimos un gran problema: nunca nos explicaron qué cosas nos podían servir y qué cosas no. Y en el afán de guardar (porque éramos de hacer caso) guardamos hasta el ombligo de nuestro primer hijo, el diente del segundo, las carpetas del jardín de infantes y no sé cómo no guardamos la primera caquita. ¿Cómo quieren que entienda a esa gente que se desprende de su celular a los pocos meses de comprarlo?

¿Será que cuando las cosas se consiguen fácilmente, no se valoran y se vuelven desechables con la misma facilidad con la que se consiguieron?

En casa teníamos un mueble con cuatro cajones. El primer cajón era para los manteles y los repasadores, el segundo para los cubiertos y el tercero y el cuarto para todo lo que no fuera mantel ni cubierto. Y guardábamos.. . ¡¡Cómo guardábamos!! ¡¡Tooooodo lo guardábamos!! ¡¡Guardábamos las chapitas de los refrescos!! ¡¿Cómo para qué?! Hacíamos limpia-calzados para poner delante de la puerta para quitarnos el barro. Dobladas y enganchadas a una piola se convertían en cortinas para los bares. Al terminar las clases le sacábamos el corcho, las martillábamos y las clavábamos en una tablita para hacer los instrumentos para la fiesta de fin de año de la escuela. ¡Tooodo guardábamos!

¡¡¡Las cosas que usábamos!!!: mantillas de faroles, ruleros, ondulines y agujas de primus. Y las cosas que nunca usaríamos. Botones que perdían a sus camisas y carreteles que se quedaban sin hilo se iban amontonando en el tercer y en el cuarto cajón. Partes de lapiceras que algún día podíamos volver a precisar. Tubitos de plástico sin la tinta, tubitos de tinta sin el plástico, capuchones sin la lapicera, lapiceras sin el capuchón. Encendedores sin gas o encendedores que perdían el resorte. Resortes que perdían a su encendedor.

Cuando el mundo se exprimía el cerebro para inventar encendedores que se tiraban al terminar su ciclo, inventábamos la recarga de los encendedores descartables. Y las Gillette -hasta partidas a la mitad- se convertían en sacapuntas por todo el ciclo escolar. Y nuestros cajones guardaban las llavecitas de las latas de sardinas o del corned-beef, por las dudas que alguna lata viniera sin su llave. ¡Y las pilas! Las pilas de las primeras Spica pasaban del congelador al techo de la casa. Porque no sabíamos bien si había que darles calor o frío para que vivieran un poco más. No nos resignábamos a que se terminara su vida útil, no podíamos creer que algo viviera menos que un jazmín.

Las cosas no eran desechables. Eran guardables. ¡¡¡Los diarios!!! Servían para todo: para hacer plantillas para las botas de goma, para poner en el piso los días de lluvia y por sobre todas las cosas para envolver. ¡¡¡Las veces que nos enterábamos de algún resultado leyendo el diario pegado al trozo de carne!!!

Y guardábamos el papel plateado de los chocolates y de los cigarros para hacer guías de pinitos de navidad y las páginas del almanaque para hacer cuadros y los cuentagotas de los remedios por si algún medicamento no traía el cuentagotas y los fósforos usados porque podíamos prender una hornalla de la Volcán desde la otra que estaba prendida y las cajas de zapatos que se convirtieron en los primeros álbumes de fotos. Y las cajas de cigarros Richmond se volvían cinturones y posa-mates y los frasquitos de las inyecciones con tapitas de goma se amontonaban vaya a saber con qué intención, y los mazos de naipes se reutilizaban aunque faltara alguna, con la inscripción a mano en una sota de espada que decía 'éste es un 4 de bastos'.

Los cajones guardaban pedazos izquierdos de palillos de ropa y el ganchito de metal. Al tiempo albergaban sólo pedazos derechos que esperaban a su otra mitad para convertirse otra vez en un palillo.

Yo sé lo que nos pasaba: nos costaba mucho declarar la muerte de nuestros objetos. Así como hoy las nuevas generaciones deciden 'matarlos' apenas aparentan dejar de servir, aquellos tiempos eran de no declarar muerto a nada: ¡¡¡ni a Walt Disney!!!

Y cuando nos vendieron helados en copitas cuya tapa se convertía en base y nos dijeron: 'Cómase el helado y después tire la copita', nosotros dijimos que sí, pero, ¡¡¡minga que la íbamos a tirar!!! Las pusimos a vivir en el estante de los vasos y de las copas. Las latas de arvejas y de duraznos se volvieron macetas y hasta teléfonos. Las primeras botellas de plástico se transformaron en adornos de dudosa belleza. Las hueveras se convirtieron en depósitos de acuarelas, las tapas de botellones en ceniceros, las primeras latas de cerveza en portalápices y los corchos esperaron encontrarse con una botella.

Y me muerdo para no hacer un paralelo entre los valores que se desechan y los que preservábamos. ¡¡¡Ah!!! ¡¡¡No lo voy a hacer!!! Me muero por decir que hoy no sólo los electrodomésticos son desechables; que también el matrimonio y hasta la amistad son descartables.

Pero no cometeré la imprudencia de comparar objetos con personas. Me muerdo para no hablar de la identidad que se va perdiendo, de la memoria colectiva que se va tirando, del pasado efímero. No lo voy a hacer. No voy a mezclar los temas, no voy a decir que a lo perenne lo han vuelto caduco y a lo caduco lo hicieron perenne. No voy a decir que a los ancianos se les declara la muerte apenas empiezan a fallar en sus funciones, que los cónyuges se cambian por modelos más nuevos, que a las personas que les falta alguna función se les discrimina o que valoran más a los lindos, con brillo y glamour.

Esto sólo es una crónica que habla de pañales y de celulares. De lo contrario, si mezcláramos las cosas, tendría que plantearme seriamente entregar a la 'bruja' como parte de pago de una señora con menos kilómetros y alguna función nueva. Pero yo soy lento para transitar este mundo de la reposición y corro el riesgo de que la 'bruja' me gane de mano y sea yo el entregado.

Eduardo Galeano

Estado Superior e Bondade Suprema (4)

(continuação)
Com tais práticas, fica-se livre de tornar-se
Habitante dos infernos, fantasma faminto ou animal;
Renascendo como humano ou deus, alcança-se
Grande felicidade, fortuna e domínio.

Através das concentrações, incomensuráveis e sem forma,
O homem experimenta a bem-aventurança de Brahma e semelhantes.
Tais são, em suma, as práticas
Para o estado superior e seus frutos.

Como afirmam os vitoriosos [buddhas], os Dharmas
Da bondade suprema são profundos,
Sutis e atemorizantes
Para crianças despreparadas.

"Eu não sou, eu não serei.
Eu não tenho, eu não terei",
Isto assusta toda criança
E mata o medo no sábio.

Disse [o Buddha,] aquele que fala só para auxiliar os seres,
Que todas essas [opiniões]
Surgiram da concepção de "eu"
E estão envolvidas com a concepção de "meu".

"O 'eu' existe, o 'meu' existe."
Em definitivo, tais concepções são errôneas,
Pois nem uma nem outra estão [fundamentadas]
Por uma consciência verdadeira e correta.

Os agregados mentais e físicos surgem
Da concepção de "eu" que, de fato, é falsa.
Como poderia o que cresceu
De uma falsa semente ser verdadeiro?

Assim, vistos os agregados como não verdadeiros,
A concepção de "eu" é abandonada,
E devido a tal abandono
Os agregados não voltam a surgir.

Da mesma forma que
A imagem de um rosto
Depende de um espelho para ser vista,
Mas na realidade não existe [como um rosto],

Assim a concepção de "eu" existe
Dependente dos agregados;
Porém, como a imagem de um rosto,
Na realidade o "eu" não existe.

Assim como sem depender de um espelho
a imagem de um rosto não é vista,
assim também o "eu" não existe
sem depender dos agregados.
...

Texto atribuído a Nagarjuna
Do livro "A Grinalda Preciosa".
Traduzido do tibetano e editado por
Jeffrey Hopkins e Lati Rinpoche
com a colaboração de Anne Klein.
Tradução em português de Duílio Colombini.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Estado Superior e Bondade Suprema (3)

Depois de analisar a fundo
Todos os feitos do corpo, fala e mente,
Aquele que realiza o que é benéfico para si
E para outros, e sempre pratica, é sábio.

Não matar, não mais roubar,
Respeitar a mulher do próximo,
Abster-se completamente da fala mentirosa,
Ríspida, indiscreta e que causa desavença.

Abandonar a cobiça, as intenções
Nocivas e as opiniões de niilistas
Tais são as dez brancas sendas de ação,
Sendo negros os seus opostos.

Não beber substâncias inebriantes,
Ter meios de vida honestos, não prejudicar,
Levar em conta o dar, honrar o honorável
E amar — é isto em suma, a prática.

Prática não significa
Mortificar o corpo,
Pois isso não deixa de causar dano
A outros e tampouco os ajuda.

Aquele que não estima a senda do Dharma excelente —
Radiante de ética, generosidade e paciência —
Injuria seu corpo e envereda
Por falsos caminhos como atalhos da floresta;

Emaranhando seu corpo em viciosas
Aflições, ele adentra por um longo tempo
Na pavorosa floresta da existência cíclica,
Em meio a árvores de seres sem fim.

Uma vida curta decorre do matar;
Muita aflição, do dano cometido;
Poucos recursos, do roubar;
Inimigos, do adultério.

Da mentira deriva a calúnia;
Da difamação, a desunião de amigos;
Da rispidez, o ouvir desagradável;
Da tagarelice, a perda de respeito pelo que se diz.

A cobiça destrói as aspirações do homem;
Intenção nociva gera temor;
Idéias errôneas conduzem a más opiniões
E beber, à confusão da mente.

Do não dar resulta a pobreza;
Do errado meio de vida, a fraude;
Da arrogância, uma linhagem ruim;
Do ciúme, parca beleza.

Uma cor desagradável advém da ira;
A estupidez, de não perguntar ao sábio.
O principal fruto disso tudo
É uma migração nefasta para os humanos.

Oposto aos conhecidos frutos
Dessas não-virtudes,
É o surgimento de efeitos
Causados por todas as virtudes.

Desejo, ódio, ignorância e
As ações por eles geradas são não-virtudes.
Não-desejo, não-ódio, não-ignorância
E as ações que geram são virtudes.

Das não-virtudes advêm todos os sofrimentos
E, do mesmo modo, todas as más migrações;
Das virtudes, todas as felizes migrações
E os prazeres de todos os nascimentos.

Desistir das não-virtudes
E empenhar-se sempre nas virtudes,
Com corpo, fala e mente —
Estas são conhecidas como as três formas de prática.

(continua)

Texto atribuído a Nagarjuna
Do livro "A Grinalda Preciosa".
Traduzido do tibetano e editado por
Jeffrey Hopkins e Lati Rinpoche
com a colaboração de Anne Klein.
Tradução em português de Duílio Colombini.

domingo, 1 de novembro de 2009

Estado Superior e Bondade Suprema (2)

(continuação)
Depois de analisar a fundo
Todos os feitos do corpo, fala e mente,
Aquele que realiza o que é benéfico para si
E para outros, e sempre pratica, é sábio.

Não matar, não mais roubar,
Respeitar a mulher do próximo,
Abster-se completamente da fala mentirosa,
Ríspida, indiscreta e que causa desavença.

Abandonar a cobiça, as intenções
Nocivas e as opiniões de niilistas
Tais são as dez brancas sendas de ação,
Sendo negros os seus opostos.

Não beber substâncias inebriantes,
Ter meios de vida honestos, não prejudicar,
Levar em conta o dar, honrar o honorável
E amar — é isto em suma, a prática.

Prática não significa
Mortificar o corpo,
Pois isso não deixa de causar dano
A outros e tampouco os ajuda.

Aquele que não estima a senda do Dharma excelente —
Radiante de ética, generosidade e paciência —
Injuria seu corpo e envereda
Por falsos caminhos como atalhos da floresta;

Emaranhando seu corpo em viciosas
Aflições, ele adentra por um longo tempo
Na pavorosa floresta da existência cíclica,
Em meio a árvores de seres sem fim.

Uma vida curta decorre do matar;
Muita aflição, do dano cometido;
Poucos recursos, do roubar;
Inimigos, do adultério.

Da mentira deriva a calúnia;
Da difamação, a desunião de amigos;
Da rispidez, o ouvir desagradável;
Da tagarelice, a perda de respeito pelo que se diz.

A cobiça destrói as aspirações do homem;
Intenção nociva gera temor;
Idéias errôneas conduzem a más opiniões
E beber, à confusão da mente.

Do não dar resulta a pobreza;
Do errado meio de vida, a fraude;
Da arrogância, uma linhagem ruim;
Do ciúme, parca beleza.

Uma cor desagradável advém da ira;
A estupidez, de não perguntar ao sábio.
O principal fruto disso tudo
É uma migração nefasta para os humanos.

Oposto aos conhecidos frutos
Dessas não-virtudes,
É o surgimento de efeitos
Causados por todas as virtudes.

...

Texto atribuído a Nagarjuna
Do livro "A Grinalda Preciosa".
Traduzido do tibetano e editado por
Jeffrey Hopkins e Lati Rinpoche
com a colaboração de Anne Klein.
Tradução em português de Duílio Colombini.