terça-feira, 31 de agosto de 2010

Triste Naufragio

Yo, el viejo Tcheng, no intervengo para mantener, modificar o cambiar el curso de las cosas siguiendo los deseos del espíritu singular (mente ordinaria). Ni exceso de cuidado ni rebeldía, solo la acción adecuada. Si me comporto de una manera diferente con ustedes, cráneos rapados, es para que al fin se atrevan a ver el espíritu original directamente por sí mismos en lugar de buscar siempre por intermedio de nobles gallardos ya muertos o al frecuentar a aturdidos como yo. Mi estilo propio es sacudiros como el viento al arbusto de la montaña. Al hacerlo, rompo todos vuestros puntales y quedáis completamente desamparados, sin nada de que agarraros. Pero como socavo todas vuestras pequeñas seguridades y os llenáis de pánico, decís, para tranquilizaros de nuevo, que yo peco contra la Ley y las conveniencias y que no soy más que un vil blasfemo. Así continuáis agarrados desesperadamente a la apariencia y a lo accesorio en lugar de dejarlos partir sin tratar de retenerlos.
Como mis palabras no tienen eco en vosotros, si les doy un giro, entonces decís que vienen de un
famoso gallardo muerto siglos atrás. No comprendéis tampoco que ellas os conciernen de manera directa en lo inmediato. Al contrario os consideráis como algo precioso, digno de conservar y cultivar. Cráneos rapados, aferrados a tales futilidades, desperdiciáis vuestras vidas en vano y la evidencia del espíritu original se os escapa. ¡Qué triste naufragio el vuestro!

Las palabras del viejo Tcheng
Voces de montañas y ríos
Boletín de la Fundación para vivir el Zen
www.fundacionzen.org
Nº 10, octubre 2006

domingo, 29 de agosto de 2010

Uma vozinha debaixo da trouxa

Eis aqui a história de um monge cujo amor a um rapaz o enlouqueceu. O rapaz morrera vitimado por uma enfermidade, e o monge chorou sobre o corpo dele dias a fio; acabou devorando o cadáver.
Depois disso, espalhava o pânico na aldeia do vale, pois descia durante a noite para comer cadáveres.
Um mestre zen, Kwaian, que passava pela aldeia, resolveu tentar libertar aquele homem do seu demônio. Subiu ao templo, encontrou seu hospedeiro e deitou-se para dormir.
Enquanto ele dormia, o outro errou à sua procura para comê-lo, mas não o achou. Por isso mesmo, no dia seguinte, cheio de respeito, disse ao mestre zen:
- O mestre, na verdade, é um buda ... instruí-me nos princípios capazes de libertar-me.
kwaian ordenou-lhe que meditasse nos seguintes versos:

Sobre o rio brilha a lua.
Nos pinheiros sopra o vento.
Fresca e pura manhã de uma longa noite tranqüila,
Qual a razão disso?

No ano seguinte Kwaian voltou ao templo, que achou invadido pelo mato e pelos caniços. Mas nessa noite de outono ouviu uma vozinha que murmurava o poema. Aproximou-se da silhueta acocorada do velho monge mas, no momento em que a tocou, ela caiu, desfeita em pó. Nada mais restava além dos ossos e da velha trouxa azul do monge.
Kwaian mandou restaurar o templo, que veio a ser um grande templo do soto zen.

Fonte: A tigela e o bastão - Taisen Deshimaru

"Faz barulho porque não está completo".

"Na nascente, onde a água é rasa, a superficie é agitada e barulhenta. Perto da foz, onde o riacho se torna profundo, asuperficie é calma e tranqüila, fluindo silenciosamente"

Shundo Aoyama Rôshi - Para uma pessoa bonita - Ed. Palas Atenas.

sábado, 21 de agosto de 2010

A Natureza da Mente

Nossa Personalidade é composta de vários fatores diferentes, alguns deles contraditórios entre si. Algumas vezes somos amorosos e em outras, malévolos. Ocasionalmente, somos orgulhosos e rejeitamos os conselhos; outras vezes, somos inquisitivos e ansiosos para aprender. Não temos uma personalidade fixa, pois as nossas características mudam. Ao nos tornarmos mais habituados a atitudes construtivas e menos acostumados às prejudiciais, nosso caracter pode melhorar.
As atitudes perturbadoras não são uma parte intrínseca de nós. São como nuvens que cobrem a vastidão e a clareza do céu e podem, portanto, mudar e desaparecer. Como elas se baseiam em interpretações e projeções errôneas, as atitudes desordenadas não serão sustentadas quando compreendermos a sua falsidade. Assim, à medida que aumentamos a nossa sabedoria e compaixão, diminuem as atitudes desordenadas.
Isto não acontece somente pelo nosso desejo ou através de orações, mas quando criamos as causas para que ela ocorra. Ao subjugarmos gradualmente as atitudes em nossa vida diária, um estado de mente pacífica emerge naturalmente como resultado. Somos os responsáveis. Temos o controle. A natureza clara da nossa mente está sempre ali, esperando para ser revelada quando as nuvens das atitudes desordenadas são dissipadas. Esta é a nossa beleza humana; este é o nosso potencial.

FONTE: Coração Aberto, Mente Limpa,
Monja Thubten Chodron
Ed. Nova Era

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

A Regra do Zazen - ZAZENGI

Estudar zen significa praticar zazen. Para praticar zazen escolha um lugar calmo,
sem umidade nem vento, e um tapete grosso. Imagine que o lugar onde está é o Assento do Diamante, pois usamos a mesma postura de Sakiamuni ao ser iluminado. Alguns monges praticam em grandes pedras e outros seguem a prática dos sete budas, de sentar em almofadas de capins.
No local do zazen não deve haver escuridão, mas brilho moderado noite e dia. Deve ser morno no inverno e fresco no verão. Mantenha corpo e mente em descanso - corte toda atividade mental. Não pense sobre tempo e circunstâncias, nem se amarre em bons ou maus pensamentos. Zazen não é nem consciência de si nem auto-contemplação. Jamais tente se tornar um buda. Desligue-se das noções de deitar ou sentar. Coma e beba moderadamente. Não perca tempo. Atente para sua própria prática de zazen. Aprenda com o exemplo do quinto patricarca Konin de Monte Obai. Todas as suas ações, todos os dias, eram prática de zazen.
Quando praticar, use um kesa e uma pequena almofada redonda. Sente-se não no meio da almofada, mas na parte posterior dela. Cruze e pouse as pernas no tapete. A almofada deve estar em contato com a base de sua espinha. Esta é a postura básica transmitida de buda a buda, patriarca a patriarca.
Use a postura de lotus, meia ou completa. Em lotus completo, o pé direito vai sobre a coxa esquerda e o pé esquerdo sobre a coxa direita. Mantenha as pernas horizontais e a coluna perfeitamente reta. Em meio lotus, o pé esquerdo é posto na coxa direita e o pé direito sob a coxa esquerda.
Folgue sua roupa alinhe-se para cima. Mão direita no pé esquerdo, mão esquerda no pé direito. Os polegares retos tocam-se levemente. Ambas as mãos devem estar contra o abdomem, o dorso dos polegares alinhados no nível do umbigo. Lembre-se de manter a espinha dorsal reta o tempo todo. Evite inclinar-se para frente ou para trás, esquerda ou direita. Alinhe as orelhas com os ombros. O nariz e o umbigo também devem estar no mesmo plano. Coloque a língua contra o céu da boca. Respire pelo nariz e mantenha seus dentes e lábios juntos. Os olhos ficam abertos naturalmente. Ajuste o corpo, inicialmente, com uma respiração profunda. A forma de seu zazen deve ser estável como uma montanha. Pense "sem pensar". Como? Usando "não-pensar". Este é o esplêndido caminho do zazen. Zazen não é um meio de iluminar-se, ele é a ação completa do Buda. O próprio zazen é natural e pura iluminação.


Dogen Zenji

Dito aos monges de Kipoji em novembro de 1243.
(Capítulo 11 do Shobogenzo , Olho e Tesouro da Verdadeira Lei, edição traduzida por Kosen Nishiyama, Tokyo, 1988).
Tradução de José Fonseca

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Preocupação Sincera

Em 1989, durante uma visita aos Estados Unidos, Sua Santidade o XIV Dalai Lama, ao receber o Prêmio Nobel da Paz, falou diretamente sobre a preocupação sincera das pessoas de nossa época:

"Cada pessoa em nosso mundo está interligada e é interdependente. Minha paz e felicidade são uma preocupação minha. Sou responsável por elas. Porém, a felicidade e a paz de toda a sociedade são preocupações de todos. Cada um de nós tem a responsabilidade individual de fazer o que lhe for possível para melhorar o nosso mundo.
Em nosso século, a compaixão é uma necessidade, não um luxo. Os seres humanos são animais sociais e precisam viver juntos, queiramos ou não. Se não houver corações gentis e compaixão entre nós, a nossa própria existência estará ameaçada. Mesmo se formos egoístas, deveremos ser sabiamente egoístas e compreender que a nossa sobrevivência e felicidade pessoais dependem dos outros. Portanto, a gentileza e a compaixão para com eles são essenciais.
As abelhas e as formigas não têm religião nem educação ou filosofia, embora cooperem instintivamente entre si. Com isso, elas asseguram a sobrevivência da sua sociedade e a felicidade de cada indivíduo que dela participa. Certamente nós humanos, que somos mais inteligentes e sofisticados, podemos fazer o mesmo!
Assim, cada um de nós tem a responsabilidade individual de ajudar os outros da maneira que lhe for possível. Contudo, não devemos esperar mudar o mundo de modo instantâneo. Enquanto não formos iluminados, nossas ações para beneficiar os outros serão limitadas. Sem a paz interior, é impossível haver uma paz mundial. Portanto, devemos melhorar a nós mesmos e, ao mesmo tempo, fazer o que pudermos para ajudar os outros".


Fonte: Coração Aberto, Mente Limpa
Monja Thubten Chodron
Ed. Nova Era

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Simplicidade

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O objetivo do Budismo é a simplicidade, a clareza e a espontaneidade. Uma pessoa com estas qualidades é extraordinária. Com simplicidade, deixamos para trás a hipocrisia e o egoísmo, permitindo, assim, que o amor imparcial e a compaixão cresçam em nossas mentes. Com clareza, abandonamos a confusão da ignorância, substituindo-a pela percepção direta da realidade. Com espontaneidade, não somos mais influenciados pelos pensamentos impulsivos, mas sabemos naturalmente os modos mais apropriados e eficazes para beneficiar os outros em qualquer situação.
Ao desenvolver a sabedoria e a compaixão, ficaremos mais contentes e saberemos o que é importante em nossas vidas. No lugar de batalhar no mundo com uma mente insatisfeita que deseja continuamente mais e melhor, transformaremos a nossa atitude de modo que, em qualquer ambiente que estejamos, estaremos felizes e seremos capazes de tornar nossas vidas significativas.

Fonte: Coração Aberta, Mente Limpa
Monja Thubten Chodron
Ed. Nova Era

domingo, 15 de agosto de 2010

Caminho para a Felicidade

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Os ensinamentos do Buda são chamados de "o caminho do meio" porque não têm pontos extremos. Assim como a autoindulgência é um extremo, a automortificação também é. O propósito do Dharma é nos ajudar a relaxar e a desfrutar a vida embora isto não seja a definição comum de somente dormir e freqüentar festas. Aprendemos a nos soltar das emoções e atitudes destrutivas que nos impedem de ser felizes. Compreendemos como aproveitar a vida sem nos apegar às obsessões e preocupações.
Existe uma idéia antiga de que para ser religioso ou "santo" precisamos negar a felicidade para nós. Isso é incorreto. Todos queremos ser felizes, e seria maravilhoso se todos nós fôssemos. E ajudaria muito se compreendêssemos o que é felicidade e o que não é.
No budismo aprendemos sobre os vários tipos de felicidade que somos capazes de vivenciar. Então, procuramos pelas causas da felicidade verdadeira para que possamos estar seguros de que os nossos esforços trarão o resultado que desejamos. Finalmente, criamos as causas para a felicidade. Felicidade - e também infelicidade - não entram no nosso caminho por acaso ou por acidente, nem são decorrentes do fato de aplacarmos algum ser superior. Como tudo no universo, ela surge devido a causas específicas. Se pudermos criar as causas para a felicidade, teremos felicidade. Este é um processo sistemático de causa e efeito.
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Fonte: Coração Aberto, Mente Limpa -
Monja Thubten Chodron
Ed. Nova Era.

sábado, 14 de agosto de 2010

Os ensinamentos de Buda

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A essência dos ensinamentos de Buda é simples e pode ser praticada em nossa vida diária: devemos ajudar os outros tanto quanto pudermos e, quanto isto não for possível, devemos evitar causar algum dano a eles.
Isso é compaixão e sabedoria. Isso é bom senso. Não é místico nem mágico, nem irracional ou dogmático. Todos os ensinamentos do Buda são engendrados para nos capacitar a desenvolver a sabedoria e a compaixão e integrá-las em nossas vidas diárias. O bom senso não é somente discutido intelectualmente, ele é vivenciado.
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Fonte:Coração Aberto, Mente Limpa -
Monja Thubten Chodron
Editora Nova Era

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

O Caminho de Buda

... O Buda Shakyamuni, que viveu há 2.500 anos na Índia, não foi sempre um ser totalmente iluminado. Foi uma pessoa comum como nós, com os mesmos problemas e dúvidas que os nossos. Ao seguir o caminho para a iluminação, tornou-se um Buda.
Da mesma maneira, cada um de nós tem a capacidade de se tornar inteiramente compassivo, sábio e hábil. O hiato entre o Buda e nós não é intransponível, pois também podemos nos transformar em Budas. Quando Criamos as causas da iluminação acumulando potencial positivo e sabedoria, automaticamente nos tornamos iluminados. Vários seres já fizeram isto. Embora falemos com freqüencia do Buda referindo-nos ao Buda Shakyamuni, existem vários seres iluminados.
... O Buda não exige nossa fé nem compromisso, e também não somos condenados se mantivermos pontos de vista diferentes.

Fonte: Coração Aberto, Mente Limpa-
Monja Thubten Chodron
Ed. Nova Era